segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O ESPIRITISMO E OUTRAS DOUTRINAS ESPIRRUALISTAS

CAPITULO 3 SUMÁRIO

3 O ESPIRITISMO E OUTRAS DOUTRINAS ESPIRRUALISTAS

3.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA DOUTRINA ESPIRRITA

3.2 O CARÁCTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA

3.3 O ESPIRITISMO E OUTRAS DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS

3.3.1 Rosacruz

3.3.2 Teosofia

3.3.3 Cabala

3.3.4 Umbanda

3.4 O ESPIRITISMO E AS RELIGIÕES

3.4.1 Fase da magia

3.4.2 Fase religiosa

3.4.3 Espiritismo

3.5 O ESPIRITISMO É UMA RELIGIÃO?

3. O ESPIRITISMO E OUTRAS DOUTRINAS ESPIRITUALIZAS

3.1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA DOUTRINA ESPÍRITA

clip_image001F&ra que possa ser feita uma comparação entre a Dou­trina Espírita e as demais dou­trinas espiritualistas, primeiro, é necessário o perfeito conheci­mento dos princípios básicos que a caracterizam.

Já foram abordados, nos primeiro e segundo cadernos, diversos aspectos da Doutrina Espírita. Agora, iremos relem­brar alguns desses aspectos e acrescentar outros directamente relacionados com o assunto que estamos a tratar.

O conhecimento do Espiritismo começa com um passeio ao longo da história da humanidade e, nomeadamente, através dos seus precursores. Ao chegarmos a Allan Kardec - o notável codificador da Doutrina Espírita, é imprescindível conhecer­mos com alguma profundidade a sua vida, pois a sua personalidade reflecte-se e identifica-se com a verdadeira e única essência do Espiritismo. As obras fundamentais e que se podem considerar de leitura obrigatória para o espírita, já foram referencia­das no primeiro caderno. A seguir, apenas as listamos:

O Livro dos Espíritos - 1857;

O Livro dos Médiuns - 1861;

O Evangelho Segundo o Espiritismo - 1864;

O Céu e o Inferno - 1865;

A Génese - 1868;

O Que é o Espiritismo - 1868;

Obras Fóstumas - 1890 - Leymarie, biógrafo de Allan Kardec;

Ftevue Spirite (revista mensal) - Janeiro 1858 a Junho 1869.

O Espiritismo é uma filosofia com bases científicas (método experimental - indutivo e dedutivo) e consequências ético-morais tem um objectivo bem definido - estudar a natureza, origem e destino dos espíritos, bem como as suas relações com o mundo corpóreo.

A vertente filosófica está particularmente expressa no Livro dos Espíritos, a ci­entífica em O Livro dos Médiuns e a moral em O Evangelho Segundo o Espiritismo. Estas três vertentes, fundamentais e indissociáveis, são imprescindíveis para a abor­dagem ou análise completa de qualquer assunto, à luz da Doutrina Espírita.

O desconhecimento e a ausência de estudo da Doutrina Espírita e dos seus princípios básicos tem levado a que estes sejam assimilados empiricamente e pratica-

dos de improviso, criando sistemas próprios que cada vez mais se distanciam da sua fonte original. Os verdadeiros inimigos da Doutrina Espírita, não são os seus críticos, pois, por vezes, a publicidade negativa é a melhor. Aqueles que mais a prejudicam são os que se identificam como espíritas ou como pertencentes a grupos ou associa­ções espíritas, que de espiritismo têm muito pouco.

clip_image002Esta falta de estudo e conhecimento leva a confu­sões mais frequentes do que seria de desejar. São-no, por exemplo: confundir espiritis­mo com mediunismo; com mediunidade; com religião; com movimentos espíritas; associar ao Espiritismo, como suas, todas as práticas das associações.

A verdadeira e única Doutrina Espírita está na Co­dificação Espírita. Os conhe­cimentos que comporta são por demais profundos e extensos para serem adquiridos de qualquer modo ou da noite para o dia, a não ser por um estudo perseverante, fei­to no silêncio e no recolhimento.(2) (*)

Muito poderia ser dito sobre os princípios fundamentais da Doutrina Espírita, no entanto poderão ser resumidos como se segue, tendo como base a Introdução (que é por si só, um tratado de filosofia) de O Livro dos Espíritos, devendo, no entanto, o espírita aprofundar cada conceito para melhor entendimento:

Deus é eterno, imutável, imaterial, único, omnipotente, soberanamente justo e bom.

Criou o Universo que abrange todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais.

Os seres materiais constituem o mundo invisível ou espiritual, isto é dos espíritos.

O mundo espiritual é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevi­vente a tudo.

O mundo corporal é secundário; poderia deixar de existir, ou jamais ter existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espiritual.

Os espíritos revestem temporariamente um invólucro material perecível, cuja des­truição pela morte lhes restitui a liberdade. Entre as diferentes espécies de seres cor­póreos, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos espíritos que chega­ram a certo grau de desenvolvimento, dando-lhe superioridade moral e intelectual sobre as outras.

A alma é um espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório.

Há no homem três coisas:

1. ° O corpo ou ser material análogo aos animais e animado pelo mesmo prin­cípio vital;

2. ° A alma ou ser imaterial, espírito encarnado no corpo;

3. ° O laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a maté­ria e o espírito. Tem, assim, o homem duas naturezas;

1. ° Ptelo corpo, participa da natureza dos animais, cujos instintos lhe são co­muns;

(*) Os algarismos colocados entre parênteses correspondem, na bibliografia, no final dos resumos de cada capítulo, aos mesmos algarismos com que estão assinaladas as fontes que serviram de base ao texto, ou extraídas as citações.

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2. ° Ptela alma, participa da natureza dos espíritos.

O laço ou perispírito, que prende ao corpo o espírito, é uma espécie de envol­tório semimaterial.

A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O espírito conserva o se­gundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, po­rém que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede no fenómeno das aparições.

O espírito não é, pois, um ser abstracto, indefinido, só possível de conceber-se pelo pensamento. É um ser real, circunscrito, que, em certos casos, se torna apreciá­vel pela vista, pelo ouvido e pelo tacto.

clip_image003Os espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade.

Os da primeira ordem são os espíritos superiores, que se distingem dos outros pela sua perfeição, seus conhe­cimentos, sua proximidade de Deus, pela pureza dos seus sentimentos e pelo seu amor ao bem: são os espíritos puros. Os das outras classes acham-se cada vez mais distanciados dessa perfeição, mostrando-se, os das categorias inferiores, na sua maioria, eivados das nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, etc..

Comprazem-se no mal. Há também, entre os inferiores, os que não são nem muito bons nem muito maus, antes perturbadores e enredadores, do que perversos. A malícia e as in- consequências parecem ser o que neles predomina. São os espíritos estúrdios ou levianos.

Os espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se melho­ram passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esta melhoria efectua-se por meio da encarnação, que para uns é prova e/ou expiação, para outros missão. A vida material é uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam atingido a absoluta perfeição intelectual e moral.

Deixando o corpo, a alma volta ao mundo dos espíritos, donde saíra, para passar por nova existência material, após um período de tempo mais ou menos lon­go, durante o qual permanece em estado de espírito errante. Tendo o espírito que passar por muitas encarnações, segue-se que todos nós já tivemos muitas existências e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, quer na Terra, quer em outros mundos.

A encarnação dos espíritos dá-se sempre na espécie humana; seria erro acre­ditar-se que a alma ou espírito possa encarnar no corpo de um animal.

As diferentes existências corpóreas do espírito são sempre progressivas e nunca regressivas; mas, a rapidez do seu progresso depende dos esforços que faça para chegar à perfeição.

As qualidades da alma são as do espírito que está encarnado em nós; assim o homem de bem é a encarnação de um bom espírito, o homem perverso a de um es­pírito impuro.

A alma possuía a sua individualidade antes de encarnar; conserva-a depois de

clip_image004se separar do corpo.

Na sua volta ao mundo dos espíritos, ela encontra todos aqueles que conhecera na Terra, e todas as suas existências anteriores se lhe desenham na memória, com a lembrança de todo o bem e de todo o mal que fez.

O espírito encarnado acha- se sob a influência da matéria; o homem que vence esta influência, pela elevação e depuração de sua alma, aproxima-se dos bons es­píritos, em cuja companhia um dia estará. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões, e põe todas as suas alegrias na satisfação dos apetites grosseiros, aproxima- se dos espíritos impuros, dando preponderância à sua natureza animal.

Os espíritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo. Os não encarnados, ou errantes, não ocupam uma região determinada e circunscrita; estão por toda a parte, no espaço e ao nosso lado, ven­do-nos e acotovelando-nos de contínuo. É toda uma população invisível, a mover-se em torno de nós.

Os espíritos exercem incessante acção sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico. Actuam sobre a matéria e sobre o pensamento. Constituem uma das potências da Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenómenos até então inexplicados, ou mal explicados, que não encontram explicação racional senão no Es­piritismo.

As relações dos espíritos com os homens são constantes. Os bons espíritos atraem-nos para o bem, sustentam-nos nas provas da vida e ajudam-nos a suportá-las com coragem e resignação. Os maus impelem-nos para o mal: para eles é um gozo ver-nos sucumbir e assemelharmo-nos a eles.

As comunicações dos espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As ocultas verificam-se pela influência boa ou má que exercem sobre nós, à nossa reve­lia. Cabe ao nosso juízo discernir as boas das más inspirações. As comunicações os­tensivas dão-se por meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, quase sempre pelos médiuns que lhes servem de instrumentos.

Os espíritos manifestam-se espontaneamente, ou mediante evocação. Ftodem evocar-se todos os espíritos: os que animaram homens obscuros, como os das perso­nagens mais ilustres, seja qual for a época em que tenham vivido; os dos nossos pa­rentes, amigos, ou inimigos, e obter-se deles, por comunicações escritas ou verbais, conselhos, informações sobre a situação em que se encontram no além, sobre o que
pensam a nosso respeito, assim como as revelações que lhes seja permitido fazer- nos.

Os espíritos são atraídos na razão da simpatia que lhes inspire a natureza mo­ral do meio que os evoca. Os espíritos superiores comprazem-se nas reuniões sérias, onde predomina o amor ao bem e o desejo sincero, por parte dos que as compõem, de se instruírem e melhorarem. A presença deles afasta os espíritos inferiores que, inversamente, encontram livre acesso e podem obrar com toda a liberdade entre pessoas frívolas ou impelidas, unicamente, pela curiosidade e onde quer que existam maus instintos. Longe de se obterem bons conselhos, ou informações úteis, deles só se devem esperar futilidades, mentiras, gracejos de mau gosto, ou mistificações, pois muitas vezes tomam nomes venerados, a fim de melhor induzirem ao erro.

Distinguir os bons dos maus espíritos é extremamente fácil. Os espíritos supe­riores usam constantemente linguagem digna, nobre, repassada da mais alta morali­dade, isenta de qualquer paixão inferior; a mais pura sabedoria transparece-lhes dos conselhos, que objectivam sempre o nosso melhoramento e o bem da humanidade. A dos espíritos inferiores, ao contrário, é inconsequente, amiúde trivial e até grossei­ra. Se, por vezes, dizem alguma coisa boa e verdadeira, muito mais vezes dizem fal­sidades e absurdos, por malícia ou ignorância. Gozam da credulidade dos homens e divertem-se à custa dos que os interrogam, lisonjeando-lhes a vaidade, alimentando- lhes os desejos com falazes esperanças.

Em resumo, as comunicações sérias, na mais ampla acepção do termo, só são dadas nos centros sérios, onde reine a íntima comunhão de pensamentos, tendo em vista o bem.

A moral dos espíritos superiores resume-se, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. Neste princípio, o homem encontra uma regra universal de proceder, mesmo para as suas menores acções.

clip_image005Ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já nes­te mundo, se desliga da matéria, desprezando as futilidades mun­danas e amando o próximo, se avizinha da natureza espiritual; que cada um deve tornar-se útil, de acordo com as faculdades e os meios que Deus lhe pôs nas mãos para experimentá-lo; que o forte e o poderoso devem amparo e protecção ao fraco, porque transgride a lei de Deus aquele que abusa da força e do poder para oprimir o seu semelhante.

Ensinam, finalmente, que, no mundo dos espíritos, nada podendo estar oculto, o hipócrita será desmascarado e patenteadas todas as suas torpezas; que a pre­sença inevitável, e de todos os instantes, daqueles para com quem
procedemos mal, constitui um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de inferioridade e superioridade dos espíritos correspondem penas e gozos desco­nhecidos na Terra.

Mas ensinam, também, não haver faltas irremissíveis que a expiação não pos­sa apagar. O homem encontra meios de consegui-lo nas diferentes existências que lhe permitem avançar, conforme os seus desejos e esforços, na senda do progresso, para a perfeição, que é o seu destino final. (2)

3.2. O CARÁRACTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA

Revelar, do latim revelare, cuja raiz, velum, véu, significa literalmente sair de sob o véu e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer um coisa secreta, ou desco­nhecida. Ser verdadeira é uma característica essencial.

No sentido especial da fé religiosa, a revelação refere-se mais particularmente aos assuntos de ordem espiritual que o homem, no momento, não descobriu por meio da inteligência, nem com o auxílio dos sentidos e cujo conhecimento lhe vem de Deus, ou dos seus mensageiros, quer por meio da palavra directa, quer pela inspiração.

clip_image006Ptelo grande impacto que provocaram, e pelo empurrão que deram na evolu­ção da humanidade, assistimos, até aos nossos dias, a três grandes revelações: (3)

1. a Revelação - MOISÉS Profeta.

1. Revelou aos homens a existência de um Deus único, soberano e ori­entador de todas as coisas;

2. Promulgou a Lei do Snai;

3. Lançou as bases da verdadeira fé; imposição ao povo pela força (olho por olho, dente por dente).

Ocorreu dezoito séculos antes de Cris­to. (3)

2. a Revelação - JESUS

Tomou da antiga lei (Sinai) o que é eterno e divino e, rejeitando o que era transi­tório e puramente disciplinar e de concepção humana, acrescentou a revelação da vida futu­ra, de que Moisés não falara.

Falou nas penas e recompensas que aguardam o homem, depois da morte.

A sua doutrina funda-se no carácter que ele atribui à Divindade. Ftevela um Deus imparcial, soberanamente justo, bom e misericordioso.

Fez do amor de Deus e da caridade para com o próximo a condição indecliná­vel da salvação.

É uma doutrina essencialmente conselheira e aceite livremente. (3)

3 a Revelação - O ESPIRITISMO

Assenta nas palavras de Jesus.

Revela o mundo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo.

Levanta o véu dos mistérios do nascimento e da morte; o espírita sabe donde vem, porque está na Terra, porque sofre, para onde vai.

Vê por toda a parte a justiça de Deus; sabe que a alma progride incessante­mente pela pluralidade das existências, até atingir o grau de perfeição que o aproxi­ma de Deus.

O espírita toma conhecimento da pluralidade dos mundos habitados.

Descobre o livre arbítrio.

É demonstrada a existência do perispírito, bem como do princípio vital. São estudadas as propriedades de vários outros fluidos.

Longe de negar ou destruir o Evangelho, vem, ao contrário, confirmar, expli­car e desenvolver, pelas novas leis da Natureza, tudo quanto o Cristo disse e fez.

A revelação espírita tem duplo carácter: Divino e científico.

Divino

O seu aparecimento não resultou da iniciativa do homem, mas de cálculos Di­vinos. A primeira revelação teve a sua personificação em Moisés; a segunda no Cris­to; a terceira não a tem em indivíduo algum. As duas primeiras foram individuais; a terceira colectiva.

Científico

Os seus ensinos não são privilégio de ninguém; são fruto do trabalho da observação e da pesquisa. Têem por base o raciocínio, o exame e o livre arbítrio. Não foram ditados completos, nem impostos à crença cega.

3.3. O ESPIRITISMO E OUTRAS DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS

Depois de termos efectuado um estudo sintético dos princípios básicos da Doutrina Espírita e do carácter da Terceira Revelação, pode fazer-se uma compara­ção com outras doutrinas espiritualistas e proceder à respectiva distinção.

Um dos aspectos que caracterizam bem a doutrina codificada por Allan Kar­dec, precisamente porque estabelece a diferença entre o Espiritismo e as outras dou­trinas espiritualistas, é a sua organização, a sua contextura de princípios. Sem se des­viar, jamais, da sua invariável posição de respeito e tolerância em relação a todos os cultos religiosos, o Espiritismo é, no entanto, um corpo de doutrina que não se aco­moda ao sincretismo religioso, tenha este a forma que tiver, nem se despersonaliza pela diluição de sua unidade doutrinária.

Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é es­piritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos espíritos, ou nas su­as comunicações com o mundo visível.

As doutrinas espiritualistas (teses opostas ao materialismo) têm dois pontos chave em comum: a existência de Deus e a imortalidade da alma. A partir daí, sur­
gem concepções e conceitos divergentes, consoante as suas interpretações, investi­gações ou, simplesmente, os seus dogmas.

Assim, a título de curiosidade, já que o assunto é demasiado extenso para que possa ser apresentado com minúcia num trabalho deste género, a seguir, pas­samos a apresentar alguns pontos defendidos, ou utilizados, por algumas correntes espiritualistas.

3.3.1. ROSACRUZ

clip_image007É, ainda hoje, uma das mais antigas correntes orienta- listas. São reencarnacionistas.

Entretanto, a Doutrina Rosacruz, que é uma doutrina secreta e das mais recuadas na história do Espiritualismo, tem os seus símbolos, as suas cerimónias, os seus conceitos, a sua maneira, enfim, de explicar o infinito imanifesto, os sete pla­nos da consciência, a alma do mundo, e assim por diante. Os rosacrucianos têm uma série de aforismos pelos quais a sua doutrina chega aos estudiosos sob forma subtil e velada.

Embora as ideias reencarnacionistas da Rbsacruz con­cordem com a interpretação espírita, o seu método é diferen­te. A doutrina dos rosacruzes utiliza o simbolismo para expli­car os problemas que dizem respeito à alma e à reencarna- ção, enquanto o Espiritismo, aproximando-se mais da mentalidade ocidental, procura sempre desvendar os mistérios no espírito humano. Os seus ensinos, por isso mesmo, não têm simbolismo. Sem ideias preconcebidas, sem o bafejo de nenhuma ordem ou fraternidade secreta, nem de nenhuma fé, o Espiritismo partiu da observação dos factos. O método que mais se enquadraria às solicitações do raciocínio teria de ser, forçosamente, o método indutivo, apropriado às exigências experimentais. (1)

3.3.2. TEOSOFIA

clip_image008A Teosofia, que também é uma doutrina espiritua­lista, tem pontos que se relacionam com os princípios da Doutrina Espírita:

1. Deus;

2. Sobrevivência da alma depois da morte do corpo físico;

3. Rteencarnação;

4. Existência do corpo espiritual.

Para o perispírito, por exemplo, que é um elemen­to já demonstrado objectivamente pela Doutrina Espírita, a Teosofia tem uma classificação complexa, com divisões entre corpo astral, corpo mental e corpo causal, em vir­tude das quais a definição do corpo fluídico, ou corpo in­termediário, toma feição muito diferente da que é apresentada no Espiritismo.

A explicação teosófica está muito bem fundamentada nas bases da sua dou­trina, mas não se entrosa com a classificação espírita. O princípio é o mesmo tanto
para o Espiritismo, como para a Teosofia e outras escolas: a existência de um corpo que se interpõe entre o espírito e a matéria.

Naturalmente, a divisão do corpo fluídico em três partes - astral, mental e causal - ou em corpo superior e corpo inferior tem valor na classificação teosófica, mas não se enquadra no contexto espirita.

Segundo a concepção teosófica o homem tem seis corpos: físico, etérico, as­tral, mental, causal e búdico. (1)

A Teosofia diverge fundamentalmente do Espiritismo também no que toca à reencarnação.

O pensamento teosófico afirma: Existem diversos tipos de almas, cujas reen- carnações obedecem à seguinte escala:

Os adeptos, que já não reencarnam mais;

As almas do caminho, aquelas que reencarnam imediatamente, sob a direc­ção do seu mestre e renunciam ao seu período de vida no mundo celeste;

As almas cultivadas, precisamente as que reencarnam DUAS VEZES em cada sub-raça e passam, em média, 700 anos no mundo celeste;

As almas simples, finalmente, aquelas que, não estando desenvolvidas, pas­sam por diversas reencarnações em cada sub-raça, antes de passar à segunda. (1)

3.3.3. CABALA

clip_image009A palavra cabala (kabala) significa simplesmente doutrina recebida. Mais tarde, porém, dizem os enten­didos, passou a significar a tradição oculta dos hebreus.

clip_image010clip_image011Segundo indicações ocultistas, Cabala é o con­junto dos ensinos secretos que Enock transmitiu ao pa­triarca Abraão. É o resumo das interpretações secretas dos judeus.

Fara os egípcios, no entanto, a Cabala seria da autoria de Hermes Trimegisto, enquanto que para os gregos o seu autor seria Cadmo.

A linguagem da Cabala, que é outra fonte das doutrinas secretas, também não coincide com os ter­mos espíritas. A concepção cabalística, em consonância com o pensamento de outras escolas ocultistas, admite a existência de espíritos elementais, isto é, uma catego­ria diferente, porque é formada de espíritos que habitam os quatro elementos: fogo, ar, terra e água. Os espíritos que habitam o fogo chamam-se salamandras; os que vi­vem no ar, na água e na terra são designados respectivamente pelos nomes de silfos, ninfas, gnomos ou pigmeus. Segundo a Cabala. "ainda depois da morte, o corpo, como a forma mais material, fica no mundo Apiah, no túmulo, com o espírito dos ossos, que constitui o corpo da ressurreição.” (1)

O espírito dos ossos, pode ser perturbado pela aproximação de outro morto, que lhe é antipático, ou pela evocação necromática; por isso, Moisés proíbe a evoca­ção dos mortos.

Concepção trinária da Cabala:

Nephesh (corpo);

Ruach (alma);

Neshamah (espirito, centelha divina).

O corpo, pela explicação cabalística, compreende também o corpo fluídico, ou perispírito, enquanto a alma e o espírito são elementos distintos. O Espiritismo simpli­fica o problema, racionalmente, uma vez que o homem é um conjunto de corpo, pe­rispírito e alma

A Cabala diz: "cada mundo tem o seu Gan Eden (paraíso), seu Nahar Dinus (rio de fogo para a purificação da alma) e seu Gei Hinam (geena, lugar de castigo in­fernal).” (1)

A Cabala crê na reencarnação, mas admite uma teoria segundo a qual Deus pode unir duas almas no mesmo corpo, para que as tarefas se completem, como no caso das compensações entre um coxo e um cego.

3.3.4. UMBANDA

clip_image012Doutrina com culto material e rituais. Tem pais de terreiro com vestimenta e prerro­gativas equivalentes ao exercício de funções sacerdotais. Tem imagens e altares, usando, ainda, o sacrifício de animais, nos casos em que as suas crenças permitem tal prática. Utili­za sinais - pontos riscados. Tem uma nomen­clatura muito diferente, ex.: chama cavalos aos médiuns; emprega termos de várias procedên­cias como, mironga, marafo, ogun, etc. (4 e 5)

3.4. O ESPIRITISMO E AS RaJGIÕES

A Antropologia concluiu, há muito, que a humanidade evoluiu da magia para a religião. A espiritualização, segundo diversos autores que defendem este parecer, obedece a três grandes fases: Magia, Religião e Espiritismo.

TEMPO

MAGIA...RELIGIÃO...ESPIRITISMO

3.4.1. FASE DA MAGIA

Religiões animais ou primitivas. Surgem nas relações tribais. O homem tem a intuição do mundo espiritual; o sobrenatural atemoriza-o. As práticas religiosas têm um forte carácter exterior. Sacrifícios violentos; apego aos objectos materiais e aos objectos de culto. Teme-se mais a Deus do que propriamente se lhe nutre respeito. Não compreendem a vida futura; vida essencialmente material.

3.4.2. FASE RELIGIOSA

O homem tem consciência da Divindade. Caminha-se do politeísmo, para o monoteísmo; personaliza Deus - Antropomorfismo. Acredita em seres privilegiados. Dá explicações dogmáticas para os mistérios. Forte presença de superstição. Predo­minância das práticas exteriores. O misticismo esconde a espiritualidade. Impera a ideia do bem.

3.4.3. ESPIRITISMO

A fase antropomórfica acabou. Substituem-se os dogmas pela experimentação. Morre o so­brenatural. FTáticas iminentemente interiores; não põe a espiritualidade ao seu serviço, mas abraçaa e faz dela sua companheira de viagem.

3.5. ESPIRITISMO É UMA RELIGIÃO?

clip_image013UMA RBJGIÃO?

Religião é o culto prestado às divindades e os deveres dos crentes para com elas. A ela estão associados elementos essenciais, que não fazem parte da Doutrina Espírita, como os exemplos abaixo indicados: o Espiritismo não tem estrutura hierárquica, nem clerical; não tem sacerdotes, nem chefes religiosos; não tem templos sumptuosos; não adopta cerimónias de espécie alguma; não tem rituais; não usa vestes especiais; não tem qualquer simbologia; não utiliza orna­mentações associadas a práticas exteriores; não tem gestos de reverência, sinais cabalísticos, benzimentos; não tem talismãs, defumadouros; não usa cânticos nem danças cerimoniosas; não utiliza bebidas, oferendas; não tem dogmas; não fazem parte do seu vocabulário as palavras: misticismo, sobrenatural, milagre, entre outras.

Algumas razões pelas quais o Espiritismo vem sendo confundido como mais uma religião: ignorância nesta matéria; desconhecimento doutrinário; hábitos pretéri­tos, enraizados no ser; movimentos espíritas internacionais e locais, que adoptaram o termo religião e que, por desconhecimento, são tidos como exemplo/modelo; a fon­te moral sendo Jesus, é indevidamente associada às religiões.

O Espiritismo não diz que fora dele não encontramos a salvação. Afirma, sim, e faz dessa máxima sua divisa: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALvAçÃO. Fbrtanto, não se encontra na Doutrina Espírita o proselitismo das religiões, a ânsia na obtenção de adeptos. O respeito para com todas as práticas religiosas é uma característica do espírita.

O Espírito da Verdade avança com outra máxima: ESFíRITAS AMAI-VOS; ESFí- RITAS INSTRUÍ-VOS, sublinhando, desta forma, e mais uma vez, as fortes vertentes morais e culturais da Doutrina Espírita.

Depois deste breve estudo, a Doutrina Espírita pode ser apreendida, na sua verdadeira essência, como uma doutrina de aperfeiçoamento moral, ético - ciência do bem, do comportamento e do procedimento, decorrente, ou consequência, da sua filosofia de vida, solidamente apoiada na sua base científica.

Allan Kardec, o codificador, prevendo os rumos para que o Espiritismo tende­ria no futuro, profere um discurso, um belo texto, na abertura da Sessão Anual Co­memorativa dos Mortos, da Sociedade de Fàris no dia 1 de Novembro de 1868. A seguir e em jeito de conclusão desta matéria, transcrevemos partes desse elucidativo e eloquente discurso:

“Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fun­dadas na comunhão de pensamentos; é aí, com efeito, que esta deve exercer toda a sua força, porque o objectivo deve ser o desprendimento do pensamento das garras da matéria. Infelizmente, na sua maioria, afastam-na desse principio, à medida que faziam da religião uma questão de forma.”

(...)

“O isolamento religioso, como o isolamento social, conduz o homem ao egoísmo.”

(...)

“Religião, é um laço que religa os homens numa comunidade de sentimentos, de princípios e de crenças.” (...) “O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objectivo, é, pois, um laço essencialmente moral, que liga os corações, que iden­tifica os pensamentos, as aspirações, e não somente o facto de compromissos mate­riais, que se rompem, à vontade, ou da realização de fórmulas que falam mais aos olhos do que ao espírito. O efeito desse laço moral é o de estabelecer, entre os que ele une, como consequência da comunidade de vistas e de sentimentos, a fraterni­dade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas. Se assim é, pergunta­rão: o Espiritismo é uma religião?’

(... )

“Ora sim, sem dúvida, senhores. No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nos glorificamos por isso, porque é a doutrina que funda os elos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as mesmas leis da natureza.”

(... )

“Fbrque, então, declaramos que o Espiritismo não é uma religião?’

(... )

“Fbrque não há uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável de culto; desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem. Ste o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí senão uma nova edição, uma variante, se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimónias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes se levantou a opinião pública.”

(...)

“Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual do vocábulo, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevita­velmente se teria equivocado. Es porque simplesmente se diz: Doutrina filosófica e moral..." (7)

Kardec, no livro O que é o Espiritismo define o Espiritismo assim: "O Espiritis­mo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os espíritos; como filosofia, ele compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações.”

É evidente que o significado do vocábulo religião, na sua origem, serviria para codificar a nossa ideia (mental) do Espiritismo. Mas, a linguagem constitui um movi­mento vivo, que ao longo da história e dos tempos os diversos vocábulos vão adqui­rindo uma carga, que lhe vão modificando o seu significado original. Assim, às religi­ões, como atrás foi apresentado, estão agora, associadas variadas práticas e elemen­tos essenciais, que não se encontram no Espiritismo, pelo que afasta qualquer hipó­tese de o catalogarmos como mais uma religião.

O assunto tratado deverá servir, não para desunir os espíritas em discussões inúteis ou debates injustificáveis, mas para situar o Espiritismo no contexto universal das ideologias que vão interpretando a vida. (6)

RESUMO

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA DOUTRINA ESPÍRITA

O desconhecimento dos princípios doutrinários levam a distorções da prática espírita, mesclando-a com condicionamentos e exterioridades.

A sua organização, a sua contextura de princípios, diferencia o Espiri­tismo das demais doutrinas espiritualistas.

O Espiritismo é um corpo de doutrina que não se acomoda ao sincretismo re­ligioso.

A verdadeira Doutrina Espírita está no ensino que os espíritos deram, que deve ser alvo de estudos sérios, perseverantes, feitos no silêncio e no recolhimento. Resumo dos princípios fundamentais da Doutrina Espírita: Deus; criação do Universo e dos seres; seres materiais do mundo corpóreo e seres imateriais do mundo espiri­tual; o mundo normal primitivo é o mundo espiritual; os espíritos revestem-se temporariamente de matéria; o homem possui: o corpo físico, a alma e o perispírito; os espíritos perten­cem a diferentes classes, embora tenham sido criados simples e ignorantes; os espíri­tos evoluem, não ocupam perpetuamente a mesma categoria; deixando o corpo, a alma volta ao mundo dos espíritos, para passar, depois, por nova existência material, após um lapso variável de tempo; os espíritos não reencarnam em corpos de animais, não retrogradam; as diferentes existências corpóreas do espírito são sempre progres­sivas; os espíritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo; os espíritos exercem, incessantemente, acção sobre o mundo moral e, mesmo, o mundo físico.

O CARÁCTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA

Revelação - do latim revelare, tirar de sob o véu, isto é, dar a conhecer.

A característica essencial da revelação é ser verdadeira.

Do ponto de vista religioso, é a revelação de coisas que o homem não pode atingir pela inteligência, nem com o auxílio dos sentidos. A importante revelação da época actual é a comunicação com os seres do mundo espiritual. O Espiritismo deu- nos a conhecer o mundo invisível que nos cerca e o qual nem suspeitávamos. A reve­lação espirita tem duplo carácter: é divina e é cientifica. É divina, porque é da iniciati­va dos espíritos; é cientifica, pois a sua elaboração é fruto do trabalho do homem. O objecto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual. Todo um mundo novo se revela, por ter o Espiritismo demonstrado a comunicação com os seres do mundo espiritual, pois profunda modificação nos costumes, carácter, hábi­tos, assim como na crença, se estabelecerá. O Espiritismo é considerado a terceira das grandes revelações. A primeira foi Moisés, com o Deus único. A segunda foi o Cristo, com a lei

do amor, a revelação da vida futura e das penas e recompensas que aguardam o homem depois da morte. O Espiritismo, partindo das outras duas, revela a existência do mundo espiritual; define os laços que unem a alma ao corpo; levanta, aos ho­mens, o véu que ocultava os mistérios do nascimento e da morte; apresenta a justiça de Deus, presidindo a todos os acontecimentos do mundo; estabelece a pluralidade das existências; difunde o conhecimento dos fluidos espirituais e sua acção sobre a matéria; demonstra a existência do perispírito; realiza todas as promessas do Cristo com respeito ao Consolador anunciado.

O Espiritismo, apoiando-se nos factos, é essencialmente progressivo, como todas as ciências de observação.

O ESPIRITISMO E AS OUTRAS DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS

Há três pontos em que o Espiritismo e as doutrinas espiritualistas se encon­tram: a imortalidade do espírito, a reencarnação, e a existência de Deus.

Os rosacrucianos são reencarnacionistas, porém, têm seus símbolos, cerimó­nias, conceitos próprios, maneiras particulares de explicação dos pontos da sua dou­trina, é uma doutrina hermética, secreta.

A Teosofia fala do corpo espiritual e define o homem com seis corpos. Divide o corpo espiritual em três corpos diferentes. E conforme o tipo de alma , variará o tipo e o prazo para as reencarnações.

A Cabala (doutrina recebida) teria provindo das orientações secretas que Enock transmitiu a Abraão. Para outros seria originária de Hermes Trimegisto ou de Cadmo.

A Cabala crê nos espíritos elementais e na ressurreição, quando o espírito dos ossos, parte mais grosseira, aviventaria novamente o corpo.

A Cabala apresenta o homem trino na sua origem, com corpo, alma e espíri­to.

Para a Cabala, existiriam em cada mundo: paraíso, rio de fogo, para a purifi­cação das almas e geena, lugar de castigos infernais.

A Cabala admite a reencarnação, mas Deus teria condições de reencarnar du­as almas num só corpo, para haver uma complementação dos defeitos de uma com a outra.

Não existe baixo nem alto espiritismo; existe somente Espiritismo, doutrina codificada por Allan Kardec.

Rituais, incensos, imagens e outros objectos materiais a título de crença, na Doutrina Espírita correm, por conta da ignorância de quem as pratica, pois a doutrina não acomoda tais práticas.

Geralmente, pessoas advindas de outras religiões, e que ainda continuem presas a certas atracções do culto antigo, preferem usar defumadouros, velas, charu­tos, bebidas, nas experiências mediúnicas. Todavia, isso fica por conta da responsabi­lidade de quem assim procede, não sendo lícito introduzir tais objectos e práticas nas sociedades espíritas.

ESPIRITISMO E UMBANDA

O Espiritismo tem alguns pontos de contacto com a Umbanda como, tem com todas as doutrinas espiritualistas, mas os pontos de divergência demonstram, claramente, tratarem-se de duas doutrinas completamente independentes. Somente a ignorância, ou a má fé, poderão confundir uma com a outra.

O ESPIRITISMO É UMA RELIGIÃO?

Religião é o culto prestado às divindades. A elas estão associados elementos que não fazem parte do Espiritismo.

O Espiritismo não tem estrutura hierarquica, sacerdotes, cerimónias, ritu­ais, vestes especiais, simbologia, ornamentações, práticas exteriores, gestos de reverência, benzimentos, talismãs, defumadouros, dogmas. Não utiliza bebidas, nem fazem parte do seu vocabulário palavras como misticismo, sobrenatural ou milagre.

Assim, o Espiritismo não pode ser confundido com religião porque, neste momento, essa palavra é inseparável de toda a estrutura atrás referida. Ela desperta, exclusivamente, uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem.

BIBLIOGRAFIA

(1) Deolindo Amorim, O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas, Caps. I e III, 3 a Edi­ção, Livraria Ghignone Editora

(2) Allan Kardec, O Livros dos Espíritos, Introdução, 42.a Edição (Popular), Federação Espírita Brasileira

(3) Allan Kardec, A Génese, Cap. I, 19.a Edição, Federação Espírita Brasileira

(4) Deolindo Amorim, Africanismo e Espiritismo, 1.a Edição, 1947, Gráfica Mundo Espí­rita

(5) Allan Kardec, Obras Fóstumas, “Manifestação dos Espíritos” - VII - 16a. Edição (Po­pular) - Federação Espírita Brasileira

(6) Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, Allan Kardec

Allan Kardec, Révue Spirite, Discurso de Abertura da Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, da Sociedade de Paris no dia 1 de

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